A atuação do Copom, do Bacen e da Febraban (Oligarquia Financeira Nacional- OFN) desde 1994 causou mais de R$25 trilhões de prejuízo econômico ao Brasil através da manipulação da taxa de juro (SELIC). Não há como evoluirmos para uma comunidade mais socialmente inclusiva se não punirmos exemplarmente e eliminarmos de vez o comportamento negativo destes agentes.
O cálculo de R$25 trilhões baseia-se na perda de geração de riqueza (PIB) quando comparamos o desempenho do Brasil com o juro distorcido (crescimento de PIB de 2,4% ao ano de 1994 a 2018) com o desempenho que o Brasil teria se o juro estivesse em patamar economicamente equilibrado (crescimento de PIB de 4,1% ao ano de 1895 a 1930) (Estimativa de Perda de PIB). São cenários comparáveis por se tratarem de Repúblicas sem acompanhamento militar, na qual há governo eleito democraticamente e oligarquias defendendo seus interesses. Se considerássemos a taxa da fase de acompanhamento militar (5,6% ao ano de 1931 a 1985) chegaríamos a R$61 trilhões de perdas de PIB.
Esta redução da taxa de crescimento de 4,1% para 2,4% (inferior ao do Brasil Império de 2,6%) é devida à atuação intencional destes agentes defendendo seus interesses cometendo crimes de maneira orquestrada conforme as evidências abaixo irão inferir.
Argumentação macroeconômica falsa para acomodar interesses
- Importância do controle de inflação (ilusão do Plano Real) para o crescimento do país e inclusão social. Não se troca geração de riqueza (crescimento de PIB, renda) por redução de inflação. Além disto não há correlação entre crescimento econômico e inflação na estatística de 1960 até hoje dos países que mais cresceram no mundo. Inflação é uma variável de mercado que identifica o ajuste de preços para equilibrar oferta e demanda (laissez-faire). Hiperinflação, um fenômeno específico vivido pela Alemanha (1918-1923) e pelo Brasil (1986-1994) está relacionado à irresponsabilidade fiscal do governo gastar mais do que arrecada e cobrir este déficit através da impressão de papel moeda, ao invés de endividamento.
O Brasil sempre conviveu com inflação inferior a 20% em toda sua história (BR-Evolucao-Inflação). Em alguns períodos de irresponsabilidade fiscal chegou a 40% ou até 80%, mas só na transferência do governo militar para democrático a irresponsabilidade fiscal chegou ao ponto de hiperinflação (acima de 200% ao ano). - Juro no combate à inflação. Juro é despesa financeira tão inflacionária quanto qualquer outra despesa do governo como André Lara Resende vem defendendo em seus artigos no Valor. O histórico de uso do juro para combater inflação de 1994 até hoje demonstra isto. Na verdade o uso do juro é até mais inflacionário no aspecto de que além de aumentar as despesas do governo, restringe sua arrecadação ao reprimir o consumo, e aumenta mais o déficit nominal.
- Reformas no combate à inflação e juro. Importância de implantação de reformas para controlar a inflação e possibilitar redução de juro. As reformas de previdência, tributária, infraestrutura, educação etc. são todas relevantes, mas tem muito pouco a ver com controle de inflação e crescimento econômico. São no fundo mais material para justificar falsamente a continuação do juro elevado.
- Juro não tem impacto no crescimento econômico. Conforme debate promovido pelo Valor “Corte no Juro Não Resolve Crescimento Baixo” em 21/5/2019 com a presença de importantes membros da Seita dos Falsos Liberais Rentistas. Todos, economistas de formação, afirmando categoricamente que corte no juro não iria promover crescimento.
Atuação criminosa em instituições públicas
- Definição da missão do Bacen: estabilidade da moeda (inflação mínima) ao invés de maximização de riqueza e poder de compra dos brasileiros. O FED nos EUA tem como missão maximização de emprego. Esta missão distorcida não deveria servir de desculpa para economistas causarem dano para o país. Similar ao conceito de um médico matar um paciente deficitário por falta de remédio porque a missão do hospital é maximizar o lucro.
- Definição de tripé macroeconômico direcionado para juro alto: inflação baixa, superávit primário e câmbio flutuante
- Irresponsabilidade fiduciária no uso de recursos públicos: Copom e BC, agentes públicos, fazendo comunicados claramente identificando riscos para investidores (mercado) e não para o país, sempre tentando gerar lógica para manter a taxa de juro alta
- Tentativa de impor direito de Independência do Banco Central sem as devidas responsabilidades como, por exemplo, independência dos interesses de seus profissionais em relação ao mercado financeiro
- Conflito de interesse. Presidentes do Banco Central com vínculos com setor bancário privado: Itaú (Ilan), Bradesco (Levi), Santander (Castello Branco) e Bank Boston (Meirelles). Vários outros abriram consultorias antes ou após presidência do BC prestando serviços para o setor financeiro.
- Investigação sobre papel da oligarquia financeira e do agronegócio no Congresso
- Desestabilização do governo em 2013-2016; elevação do juro a partir de 2013 elevou o déficit nominal de 3% para 10% criando depressão e desestabilizando o governo de Dilma Rousseff
- Externalidades sociais de dezenas de milhares de mortes por ano devido ao aumento de violência com o desemprego e a falta de recursos públicos para segurança e saúde.
Contexto macroeconômico distorcido
- Diretores do Banco Central defendendo juro alto em economia depressiva, sendo que juro é um custo para o banco do governo, não um item de receita como o é para o setor privado; mercado internacional nos cobraria 1% de juro real no contexto atual e o BC está pagando 5%
- Lucro recorde de bancos mesmo com país em depressão; em economias normais o risco de um banco é muito correlacionado ao risco do mercado de tal maneira que o Beta é normalmente 1. No Brasil a economia entra em depressão e os bancos continuam com recordes de lucro. O lucro dos 4 maiores bancos subiu de R$6B em 1997 para R$73B em 2018. (Bancos – Lucro e Juro – 1996-2018)
- Brasil tem uma das piores concentrações de renda do mundo
- Crescimento econômico pífio quando comparado a várias outras economias emergentes socialmente responsáveis: 2,2% do Brasil vs 5+% na Ásia nos últimos 40 anos
- Depressão voluntária e direcionada em 2014-2017: R$4 trilhões de perdas, sem nenhuma outra razão razoável a não ser a escalada do juro.
- Spread bancário de 40% comparado a 1% no Japão, 3% nos EUA e 10% no Uruguai em dados do Banco Mundial mencionados no artigo Anomalia da Economia de Tiago Cavalcanti no Valor de 09/5/2019. Sendo que apenas uma pequena fração deste spread pode ser explicado por riscos ou inadimplência.
- Desemprego de 13%, informalidade de 43%, grande desalento e sentimento de falta de ocupação dos trabalhadores brasileiros.
Teoria macroeconômica internacional e as distorções brasileiras
O objetivo da Ciência Econômica é aumentar a geração de riqueza no mundo com inclusão social.
Adam Smith (criador da Economia com A Riqueza das Nações, 1776): defendeu o conceito de laissez-faire na definição de preços do mercado; não faz sentido usar juro para distorcer o preço de equilíbrio definido para o ajuste entre oferta e demanda, deve ser respeitada a “mão invisível” do mercado na definição de preços, demanda e oferta.
John Maynard Keynes (criador da macroeconomia com Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda, 1936): maximizar demanda agregada para geração de riqueza; não faz sentido deixar profissionais parados em casa (desemprego), melhor endividar o governo para fazer investimentos em infraestrutura ocupando esta mão-de-obra que é uma riqueza desperdiçada (tempo de trabalho perdido não volta). Nosso BC é completamente insensível sobre questões de desemprego. Apesar de controlar as variáveis que definem a demanda agregada (juro, câmbio e poupança fiscal) se posiciona como não sendo um problema dele, e sim do “mercado”.
Milton Friedman (principal defensor de política monetária, século XX): em situação de ociosidade de mão-de-obra deve conduzir política de expansão de base monetária com juro baixo. Juro taxa neutra é aquele que mantém pleno emprego sem grandes distorções inflacionárias. Nosso BC sempre insiste em manter o juro o mais alto que consegue, nunca conduzindo política expansionista de base monetária.
Ha Joon Chang (economista da Coréia do Sul, professor em Cambridge, Inglaterra, escreveu best seller “Kicking Away The Ladder”): as políticas liberais rentistas são maneiras para os países ricos ‘chutarem’ a escada que possibilitaria o enriquecimento dos países pobres. Criam regras liberais que estes países nunca seguiram em suas políticas de desenvolvimento econômico. Regras como câmbio flutuante, abertura de mercado e impedir proteção industrial. Seguidor de Joe Stiglitz, Economista Líder do Banco Mundial que condenou as regras do Consenso de Washington. Desindustrializamos o país: indústria de transformação caiu de 23% para 11% do PIB no período. Efeito da Lei Kandir (oligarquia do agronegócio) e do tripé macroeconômico.
A Depressão de 2014 a 2017. Em 2013 o Brasil estava bem com 3% de taxa de crescimento e déficit nominal de 2%. Ao subir o juro de 7,25% para 14,25% o Brasil enfraqueceu a economia, reduzindo arrecadação tributária e aumentando despesas financeiras levando o déficit nominal para 10% do PIB e o PIB para -3,8 (2015) e -3,6% (2016).
O voo de galinha desde o Plano Real. Esta política de juro elevado levou o Brasil a ter um crescimento médio de 2,2% ao ano, muito baixo para um país em desenvolvimento, comparado com taxas superiores a 5% ao ano atingidas por países asiáticos sem nossos níveis de taxa de juro.
Importância deste debate para o fortalecimento da comunidade brasileira
O Brasil não tem uma das piores concentrações de renda do mundo por acaso. Não há por que ter uma concentração de renda ruim se o governo fizer seu trabalho de gastar os recursos públicos arrecadados para o bem da maioria. Quando uma minoria distorce o uso da arrecadação para pagamento de juro ao invés de educação, saúde, moradia e transportes, aí sim temos uma economia doente (deseconomia) com os sintomas brasileiros.
A Seita dos Falsos Liberais Rentistas: ex-diretores do Banco Central, jornalistas econômicos, professores de escolas de economia e gestores articulistas em jornais manipulam intencionalmente nosso debate econômico para manter esta situação.
Lara Resende, um dos técnicos idealizadores do Plano Real, tentou questionar a eficiência do uso do juro para conter a inflação, e foi bombardeado por toda esta Seita. Apesar da discussão sobre inflação ser irrelevante para o crescimento econômico, a Seita não quis deixar o espaço aberto para questionamentos do rentismo estrutural na economia brasileira.
Não podemos continuar deixando o Brasil refém desta oligarquia.