Estamos caminhando bem. O impeachment funcionou com eficácia através de nossas instituições democráticas e foi reorganizada a liderança do país. MT possui respeito indiscutível no Congresso e tem muita experiência na coordenação política. Tudo indica que montou uma equipe equilibrada nas questões técnicas e políticas. Tenhamos alguns princípios em perspectiva para avaliarmos o imbróglio. Na dimensão ética, certo é o que dá certo, não o que parece certo. Na dimensão técnica, bom é inimigo do ótimo. Parece que conseguimos organizar nossa Ordem.
Resolvida a liderança agora precisamos organizar o jogo econômico que nos colocou nesta depressão. Voltar ao Progresso que parou na década de 70. Temos que ter foco e evitar ficar atirando para todos os lados. As 3 alavancas do crescimento são:
- perspectiva de lucro dos empresários;
- déficit nominal equilibrado de 2% do PIB;
- incentivos adequados aos políticos.
Iniciativas para trabalhar as 3 alavancas no curto prazo:
- Evolução da missão do BC para maximização de emprego e de poder de compra dos trabalhadores com juros moderados.
- Câmbio fixo em nível de competitividade econômica internacional de R$8,30 (jan/16 ajustado mensalmente pelo diferencial de inflação Brasil/EUA); aumentamos exportações e substituição de importações, aumentamos emprego e arrecadação tributária; retomamos processo de industrialização rapidamente revertendo perda de PIB industrial que tinha chegado a 25% e caiu para 9%.
- A taxa de câmbio deve ser definida pelo MT junto a Camex, fora do CMN.
- Redução dos juros para 5%. Diminui despesas com juros e os chamados “subsídios” de endividamento de longo-prazo (total superior a R$300B por ano). O aumento de investimentos e gastos da população também melhora a arrecadação tributária.
- Elevação dos impostos sobre exportação de commodities agrícolas e minerais, capturando o lucro exagerado pela desvalorização cambial e diminuindo efeitos da doença holandesa
- Definição do bônus da equipe do Copom em cima de crescimento do Brasil e acompanhamento muito próximo da transparência das atividades dos 8 membros que sozinhos definem orçamento superior a R$500B/ano. Temos que policiar qualquer interferência do setor financeiro de tentar corromper estes membros.
- Criação de bônus substancial para políticos e servidores de alto nível hierárquico alinhado ao crescimento do Brasil.
Implantar estas iniciativas parece tão impossível quanto o impeachment no começo de 2015. Entre as principais barreiras:
- Membros da equipe econômica com CVs ilustres são completamente ignorantes na questão de crescimento econômico. Monetaristas. Maximizam juros com a justificativa de conter a inflação.
- Não entendem como o sistema econômico funciona. Colocam a culpa da falta de crescimento em empresários industriais improdutivos que não conseguem competir no mercado internacional sem proteção.
- Acreditam que o futuro do Brasil está no agronegócio e no setor financeiro, únicos que conseguiram elevar a produtividade nas últimas décadas. Erro similar ao que Portugal fez com relação a Inglaterra.
- Atingiram 3% de crescimento em PIB/capita enquanto a China voava a 9%. Desindustrializaram nosso país de 25% do PIB para 9% com super valorização de nossa moeda no famoso “câmbio flutuante de mercado”
- Impuseram R$1,8 trilhões em perdas econômicas ao elevar os juros de 7,25% para 14,25% de 2013 para 2015, devido a explosão do déficit nominal.
- Pensam em aumentar tributação para conseguir o equilíbrio fiscal sem fazer o país crescer.
- Anunciaram desemprego a 14% antes de começar a ceder.
- Pensam em aumentar os juros porque a inflação voltou a subir no último mês.
- MT é advogado e confiou agenda econômica a esta equipe.
O que temos a nosso favor para fazer com que reconsiderem suas posições:
- A situação econômica está horrível. A galinha está muito gorda para voar com a estratégia que estruturaram com medidas só de médio e longo prazos.
- Estamos perdendo R$5B por dia útil.
- O desemprego está em 10,9% e piorando a cada dia
- Violência está aumentando
- Nossas instituições jurídicas estão trabalhando bem e punindo desvios de conduta
- MT é inteligente e habilidoso. Em algum momento deve perceber que a estratégia econômica não está dando certo e vai ouvir novos diagnósticos
- Políticos estão perdidos com a pressão jurídica sobre os pixulecos. O sistema de investimento público está travado
- Congresso está de certa forma unido mas vai pressionar na agenda social deteriorante.
- Indústria já está muito pequena com 9% do PIB e altamente endividada.
- TSE evoluindo no processo de cassação da chapa aumenta pressão em cima de bons resultados para manterem apoio do Congresso e conseguir vitória em possível eleição indireta em 2017
- JS tem consciência dos problemas e está ocupando pasta de Comércio Exterior enquanto MT lidera a Camex.
- Ministério do Planejamento está ocupado por político que deve ser trocado no curto prazo com o avanço de investigações jurídicas
Neste contexto acho que de uma vez por todas estamos sem saída e acredito que vamos conseguir discutir em maior profundidade, e com mais competência, todos os temas relevantes para o Brasil envolvendo inflação, produtividade, câmbio, corrupção, inclusão social e industrialização de maneira institucional.
O copo está meio cheio e temos uma “Guerra Civil” pela frente, ou um Impeachment Econômico, evoluindo vários economistas de ensino primário em inflação para PhD.